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Feminino Plural: Singularidades do Corpo

 

 

O espetáculo solo com direção e concepção de Kilma Farias, está constituído em sete cenas entrelaçadas que buscam retratar fragmentos da pluralidade feminina. Nessa teia, vamos encontrar como fio condutor o Tribal Brasil, estilo desenvolvido por Kilma que une o Tribal Fusion californiano com danças populares e afro-brasileiras. Nas ramificações dessa trama é possível perceber traços das sambadas, trupés, dança dos Orixás, das Tribos de Índios carnavalescas da Paraíba, mas também das danças urbanas como o popping onde perceberemos a utilização de waving, robot, ticking, passando ainda pelo Butoh japonês.

Para consolidar o processo de hibridação no Tribal Brasil em Feminino Plural foram utilizadas como amálgama algumas Ações Básicas de Laban (1879-1958).

Tomemos por exemplo a lavadeira e seu ofício; como ela sacode a roupa, como bate, como torce e parece flutuar para estendê-las ao sol. Como esvoaça seus sonhos e desejos transitando entre a realidade e o imaginário no seu canto de trabalho.
Feminino Plural retrata também a mulher cotidiana, suas buscas, angústias e certezas pautadas pelas escolhas que fazemos a todo instante. A amante, a mãe, a morte. Todas são faces singulares que encontram vozes no corpo da bailarina para expressar toda essa pluralidade,
Outro ponto característico dessa montagem é a polisignificância dos objetos em cena que, de acordo com o momento vivido, assumem personalidades distintas mudando totalmente o contexto. 

Um tecido pode ser rio, chicote, bebê ou o manto da morte, nos conduzindo a questionar o que nos move e para onde nos move. Nem sempre o que olhamos é o que vemos. Muitas vezes precisamos enxergar além para poder entrever possíveis verdades.

Caminhos e descaminhos são experimentados com jogos de equilíbrio e impulso.  Os Fatores de Movimento de Laban também entraram nesse processo, modificando o peso dos objetos em cena e variando a dinâmica num contínuo acelerar e desacelerar do tempo.

 

 

O Tribal Brasil no Corpo do espetáculo

 

 

O Tribal revisita culturas, costumes, e tece uma trama onde não se é capaz de perceber de imediato início nem fim das referências ali inclusas, gerando um novo vocabulário corporal tão de vanguarda que não se prende a padrões, modelos e afins. Aqui o padrão é quebrar com o que já existe para recriá-lo, mas nem por isso negando o que já existe; uma verdadeira metamorfose simbiótica. 
Os traços das danças dos Orixás, dos Torés, dos caboclinhos, do coco, cavalo marinho, carimbó, samba e frevo e todo o contexto sócio-político-cultural em que estão inseridos, estão presentes em cada um de nós, no gesto cotidiano, como se fossem códigos de um DNA cultural entrelaçados em nossa personalidade e que, sem necessariamente serem explícitos, afloram em nossa corporeidade. 

Em 2003 Kilma iniciou a pesquisa e formatação do Tribal Brasil enquanto hibridação das nossas danças com as danças do Oriente Médio e urbanas, dessa iniciativa surge também surge a Cia Lunay, grupo que completou este ano 10 anos de movimento cultural, produzindo projetos como Cultura em Movimento que traz mestres e professores da cultura popular para dentro do Studio Lunay, aproximando nossas verdades; Caravana Tribal Nordeste que se propôe a ser um evento itinerante entre alguns estados do Nordeste visando a troca de conhecimento e o fomento à pesquisa do Tribal Brasil, realizando mostras de dança e produzindo workshops e pesquisa em danças populares.

É nessa atmosfera hibrida, construída e desconstruída por Kilma, que Feminino Plural: Singularidades do Corpo celebra os 15 anos de estudo da bailarina, chegando ao palco para dialogar com aqueles que ainda não fecharam os olhos para o mundo imagético tão imenso e tão singular que carregamos dentro de cada um de nós e que trazemos para o mundo das formas através do movimento.

 

S i n o p s e 

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